Plantas se comunicam e avisam se estão em perigo, diz estudo
As plantas têm mais inteligência do que imaginávamos. Segundo um estudo publicado na revista científica Nature Communications, elas conseguem se comunicar e alertar umas às outras quando estão em perigo. Os alertas ocorrem por meio de compostos químicos liberados pelas plantas quando são “feridas” ou atacadas por herbívoros.
Os compostos químicos liberados pelas plantas atacadas são detectadas pelas plantas saudáveis através da infiltração deste compostos nos tecidos internos do vegetal. Ao penetrar seus tecidos, as células de defesa são ativadas para que respondam a próxima ameaça em tempo hábil.
Uma melhor compreensão deste mecanismo poderá, futuramente, permitir que cientistas e agricultores possam fortalecer as plantações contra ataques de insetos e secas muito antes de estes acontecerem. Dessa forma, perdas econômicas serão minimizadas.
A comunicação entre as plantas
A ideia de que as plantas se comunicam é defendida desde a década de 1980. Acreditava-se que esse fenômeno acontecia por meio da emissão de sinais químicos no ar. Nos últimos 40 anos, cientistas vem analisando essa comunicação de célula a célula em mais de 30 espécies de plantas.
As pesquisas sinalizavam a interação entre as plantas, em situações de perigo. Porém, não mostravam por quais compostos as plantas enviavam os sinais alertas umas para as outras. Um novo estudo, da Universidade Saitama, no Japão, trouxe a resposta para essa questão.
Cientistas dessa universidade descobriram que os vegetais se comunicam emitindo substâncias químicas conhecidas compostos orgânicos voláteis. Segundo eles, as plantas produzem uma série desses compostos para diversos fins como atrair polinizadores ou defender-se contra predadores.
Porém, só uma classe desses compostos é emitida quando uma planta sofre dano físico: os chamados compostos voláteis de folhas verdes. Um exemplo deste volátil de folhas verdes é o cheiro liberado pela grama recém-cortada.
O novo estudo
No novo estudo, os pesquisadores esmagaram folhas manualmente e colocaram lagartas em plantas de mostarda e tomate para desencadear a emissão de vários voláteis. Em seguida, eles espalharam o vapor emitido em plantas saudáveis para ver se elas reagiriam.
Para rastrear as respostas das plantas saudáveis, a equipe modificou-as geneticamente para que os íons de cálcio ficassem fluorescentes quando ativados dentro das células. A sinalização de cálcio funciona como um interruptor para ativar as respostas de defesa da planta.
Aumentando a sinalização de cálcio, a equipe descobriu que a planta aumentou a produção de certas expressões genéticas de proteção. Um exemplo dessas expressões é a produção de certas proteínas que causam diarreia nos insetos, inibindo que eles a mastiguem.
Os estudiosos disseram que, com este novo entendimento, as plantas poderão ser imunizadas contra ameaças e fatores de stress antes mesmo de acontecerem – o equivaleria a dar uma vacina a uma planta.