Recifes de coral do pacífico estão resistindo ao aquecimento dos oceanos, diz estudo
Um estudo da Universidade de Newcastle, na República do Palau, país insular do Pacífico, mostrou que os recifes de coral estão se ajustando ao aumento da temperatura dos oceanos. Isso significa que esses ecossistemas tem um capacidade adaptativa maior do que se penava anteriormente
Os cientistas detectaram essa resiliência nos recifes com base em décadas de observações de campo e com uso de modelagem. Nos estudos, eles simularam quatro possíveis trajetórias de branqueamento dos corais frente a temperaturas diferentes e avaliaram o grau de tolerância térmica deles.
Os resultaram apontaram que, se a tolerância térmica dos corais continuar a aumentar ao longo do século XXI à taxa histórica mais provável, será possível reduzir significativamente os impactos do branqueamento. Mas, isso só acontecerá se houver redução das emissões globais. Do contrário, os corais não resistirão.
Publicada nesta semana, na revista Nature Communications, a pesquisa confirma o consenso científico de que o futuro dos corais depende da redução das emissões de carbono. Conforme o documento, o branqueamento de recifes pode ser mitigado em cenários de baixas ou médias emissões onde, por exemplo, os compromissos do Acordo de Paris são cumpridos.
No entanto, esses impactos de branqueamento são inevitáveis em cenários de emissões elevadas, onde a sociedade continua a depender do desenvolvimento alimentado por combustíveis fósseis. Sendo assim, é fundamental que os países reduzam suas emissões para preservar os recifes de corais.
Para Liam Lachs, principal autor do estudo, as descobertas dele e de sua equipe destacam a necessidade de cumprir os compromissos do Acordo de Paris para proteger eficazmente os recifes de coral. Estes ecossistemas têm importante função ecológica e abrigam níveis notáveis de biodiversidade.
Apesar da sua relevância ambiental, os corais vem sofrendo declínio sem precedentes devido às ondas de calor marinhas e aos eventos de branqueamento e mortalidade em massa. Para sobreviverem, precisam de suportar ondas de calor marinhas cada vez mais intensas e frequentes.
Sabe-se que a tolerância térmica dos recifes de corais pode aumentar naturalmente, mas há um limite nisso. No caso dos corais de Palau, foi estimado que a tolerância ao aumento da temperatura das águas oceânicas se deu a uma taxa de 0,1° C por década desde o final da década de 1980.
Os cientistas acreditam que mecanismos naturais como a adaptação genética ou aclimatação dos corais ou de suas microalgas simbióticas podem ter contribuído para o aumento da tolerância térmica dos corais de Palau. No entanto, precisam investigar outros fatores que possam ter interferência nesse processo.
Quando questionado sobre os próximos passos da pesquisa, o coautor do estudo, Prof. Peter Mumby, da Universidade de Queensland, disse que os próximos desafios são desvendar quais mecanismos levaram a essas mudanças potenciais na tolerância térmica dos corais e compreender a possibilidade de aumentos futuros nela.