sexta-feira, maio 10, 2024
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Projeto indígena faz plantio de araucárias em Santa Catarina

A araucária é uma árvore típica da região sul do país, cujas sementes integram a alimentação, os rituais e até remédios produzidos por índios da região oeste de Santa Catarina. Apesar da sua importância social e ambiental, a população dessa espécie vem sendo reduzida significativamente todo os anos.

Atualmente, a araucária, cujo nome científico é Araucaria angustifolia, está criticamente ameaçada de extinção segundo dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O principal motivo que levou ao declínio da espécie foi a exploração madeireira iniciada no século XX.

A IUCN estima que, hoje, existe apenas 3% da cobertura original das araucárias no mundo, dado que acendeu o alerta dos indígenas da Terra Laklãnõ Xokleng. Preocupados com o possível desaparecimento da espécie na natureza, criaram o projeto Zág, que planta mudas dessa árvore.

Os indígenas Xokleng vivem no oeste catarinense, numa área de 14 mil hectares, situada entre os municípios de Ibirama, José Boiteux, Vitor Meireles e Doutor Pedrinho. Nessas terras, localizadas a 260 quilômetros de Florianópolis, vivem cerca de 2.200 pessoas, as quais já plantaram 50 mil mudas de araucárias.

plantio de muda de araucária
Muda de araucária sendo plantada. Fonte: Folha de São Paulo

Para esse povo, a Araucaria angustifolia é uma árvore sagrada. “A araucária representa nossa vida, o ar que a gente respira, a árvore sagrada que nossos ancestrais deixaram para nós há mais de 2000 anos”, disse uma das jovens xamãs da tribo, Isabel Gakran.

As mudas usadas no projeto Zág são preparadas pela própria tribo Xokleng, com a presença das crianças indígenas e, às vezes de grupos de escolas. A maior parte dessas mudas vai para o plantio na Terra Laklãnõ Xokleng, mas outra é doada para reflorestar a serra catarinense.

O plantio das mudas é feito pela tribo numa forma de ritual. De acordo com Isabel, durante esse processo, os indígenas dançam, cantam e falam com as sementes para que nasçam perfeitas e fortes. O ritual é uma forma de conexão com a natureza e um resgate da cultura da etnia.

O projeto Zág já foi premiado pelo Fundo de Conservação de Espécies Mohamed bin Zayed, uma instituição filantrópica que fornece donativos para projetos de conservação de espécies ameaçadas. No momento, a iniciativa se mantém com recursos dos próprios indígenas, mas precisa do apoio de Governos e órgãos públicos.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.