Praias podem sobreviver ao aumento do nível do mar, diz estudo
No início deste ano, a Comissão Europeia, do Centro Comum de Pesquisa (JRC), previu o desaparecimento de metade das praias arenosas do mundo até 2100 devido ao aquecimento global. Entretanto, um estudo recente, publicado na revista Nature Climate Change, rejeita essa previsão e afirma que praias, com espaço para expandir, são capazes de sobreviver à elevação do nível do mar.
O novo estudo, realizado por pesquisadores do Reino Unido, França, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos, reexaminou os dados e a metodologia que sustentaram a pesquisa da JRC. A conclusão dos estudiosos é que, com os dados e métodos numéricos disponíveis atuais, é impossível prever como serão as áreas costeiras até o final do século XXI.
No entanto, eles afirmam que há potencial para as praias sobreviverem migrando em direção à terra conforme o nível do mar sobe e a linha costeira recua. De acordo com os estudiosos, quando as praias têm “espaço para se mover sob a influência da elevação do nível do mar, elas mantém sua forma geral, mas em uma posição mais voltada para a terra”.
O artigo diz que praias apoiadas por falésias e estruturas de engenharia como paredões provavelmente desaparecerão no futuro. Conforme o novo estudo, elas passarão, primeiro, pelo ‘aperto costeiro’, resultando na diminuição da largura da faixa de areia. Depois, serão cobertas pela água do mar. Isso ocorrerá em praias como Collaroy e Wamberal em NSW.
Já as praias arenosas em planícies costeiras, lagoas, pântanos salgados ou dunas migrarão em direção à terra como resultado da elevação do nível do mar. Nestes casos, o litoral recuará e as praias provavelmente permanecerão, embora um pouco mais elevadas.
Até o momento, não há informações disponíveis sobre o número de praias que se enquadram em qualquer uma das categorias e, por isso, é impossível quantificar a proporção das praias do mundo que irão desaparecer até 2100.
Andrew Cooper, Professor de Estudos Costeiros da Universidade de Ulster e principal autor do novo artigo, disse que para prever os impactos da elevação do nível do mar na costa serão necessários novos métodos. Além disso, “exigirá melhores conjuntos de dados da morfologia costeira e melhor compreensão dos mecanismos da resposta da costa em determinados cenários”.
Cooper afirma que “a medida que o nível do mar sobe, o recuo da costa deve acontecer e vai acontecer, mas as praias vão sobreviver”. De acordo com ele, “a maior ameaça à continuação da existência de praias são as estruturas de defesa costeira que limitam sua capacidade de migração. ”
O co-autor do artigo, Professor Gerd Masselink, disse que é importante acompanhar a evolução do ambiente costeiro, pois o nível do mar vem subindo a uma taxa crescente por muitos anos, o que aumentará a erosão costeira. Para ele, monitorar a erosão costeira “é crucial para que se possa antecipar a perda futura de terras”, assim como “evitar colocar mais edifícios e infraestrutura em perigo”.