segunda-feira, maio 20, 2024
Meio Ambiente

Pesquisadores descobrem manguezal de água doce na Amazônia

Pesquisadores descobriram a existência de manguezais de água doce na foz do Rio Amazonas, algo nunca antes visto em outro lugar do mundo. O achado inédito ocorreu durante a primeira etapa de uma expedição promovida pelo National Geographic e Rolex.

Chamada de Perpetual Planet Amazon Expedition, a expedição contou com a participação do professor e pesquisador do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo Ângelo Bernadino. A exploração aconteceu entre os dias 10 e 27 de Abril deste ano.

Manguezal de água doce na Amazônia
Manguezal de água doce na Amazônia — Foto: Corey Robinson/National Geographic

Durante a excursão, Ângelo e outros pesquisadores estudaram onze florestas de mangue ao longo do delta do Rio Amazonas. Eles analisaram dados de água, salinidade, composição, densidade e volume das árvores usando varredura a laser 3D do solo e de drones. 

A partir dessa avaliação, eles confirmaram a existência de manguezais em solos hipssalinos (pouca salinidade) no delta do Amazonas. Também, descobriram que os manguezais mapeados nessa região ocupam uma área 20% maior que a catalogada atualmente. Essa área corresponde a 180 km².

Bernadinho disse que, antes da expedição, ele e os demais cientistas “tinham a hipótese da existência de manguezais de água doce em solos hipossalinos no delta do Amazonas, pois a vazão alta de água do Rio Amazonas poderia dar suporte a manguezais com grandes diferenças de estruturas e funções ecológicas”.

Manguezal de água doce na Amazônia
Manguezal de água doce na Amazônia — Foto: Corey Robinson/National Geographic

“Depois dessa expedição, nos surpreendemos, porque esses manguezais têm estruturas bem diferentes do que estamos acostumados no Espírito Santo e em outros lugares no Brasil. “No delta a gente tem o maior rio do mundo criando essas condições especiais” [para o manguezal doce], acrescenta Bernadinho.

A descoberta dos manguezais de água doce foi divulgada, na semana passada, em artigo publicado na revista Current Biology. No artigo, os autores dizem que a pluma do rio Amazonas e as altas condições pluviométricas permitem a coexistência desses manguezais e que estes nunca foram antes documentados em outro lugar do mundo.

Atualmente, Bernardino está na Amazônia dando seguimento a segunda fase da pesquisa junto com exploradora Margaret Owuor. Os dois estão estudando o valor econômico e social que as florestas de mangue proporcionam às comunidades amazônicas.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.