segunda-feira, setembro 16, 2024
Animais ameaçados

Pesquisadores descobrem duas novas espécies de coruja na América do Sul

Pesquisadores identificaram duas novas espécies de coruja-guincho que vivem na Amazônia e na Mata Atlântica. Ambas são criticamente ameaçadas de extinção e pertencem ao gênero Megascops. A descoberta foi publicada no periódico científico Zootaxa.

As corujas recém descobertas são “primas” das corujas-guincho do leste que são comuns nos Estados Unidos. Elas têm, em média, de 12 a 15 centímetros de comprimento e carregam tufos de penas na cabeça que são marrom, cinza ou tons intermediários.

Antes do estudo, as novas espécies eram agrupadas com a coruja-da-baleia-de-barriga-amarela e coruja-da-baleia-de-bico-preto que são encontradas em toda a América do Sul. Porém, a análise da genética, das características físicas e dos gritos das aves mostrou que eram de espécies diferentes.

Os cientistas fizeram anos de trabalho de campo na Floresta Amazônica e Mata Atlântica do Brasil e de países vizinhos para identificar as novas espécies. No campo, eles procuraram as corujas-guincho que vivem nas árvores a 30 metros acima do solo.

Para estudar essas aves, os pesquisadores usaram gravações de cantos de pássaros para atraí-las. Quando eles reproduziam os cantos de pássaros, as corujas apareciam próximas ao solo. Assim, eles conseguiam observar suas características físicas e gravar seus gritos.

Jonh Bates, curador de pássaros no Field Museum em Chicago e um dos autores do estudo, disse que as corujas são animais territoriais que saem em defesa de seu território quando percebem um invasor.

Os cientistas, ao compararem os gritos das corujas, descobriram que havia variações nos sons que elas emitiam. Isso era um indicativo de que havia espécies diferentes. Eles também examinaram a aparência física e analisaram amostras de tecido de DNA em laboratório.

A análise de DNA e as semelhanças das características físicas confirmaram a existência de duas novas espécies de coruja na América do Sul que são a coruja-guincho do Xingu e a coruja-guincho de Alagoas. A primeira é encontrada próxima ao Rio Xingu e a segunda, é vista, principalmente, no Estado de Alagoas.

Tanto a coruja-guincho do Xingu como a coruja-guincho de Alagoas estão atualmente em risco de extinção. Ambas as espécies estão ameaçadas pelo desmatamento intenso na Floresta Amazônica e na Mata Atlântica.

A coruja-guincho do Xingu é endêmica da área mais gravemente queimada da Amazônia pelos incêndios sem precedentes de 2019 e a coruja-guincho de Alagoas, criticamente ameaçada pela fragmentação florestal na minúscula área onde vive.

Os pesquisadores esperam que o estudo das corujas esclareça como é variada a biodiversidade das florestas e mostre que a simples proteção de certas áreas não é suficiente para preservar essa biodiversidade. Para eles, ter encontrado novas espécies fortalece a necessidade de impedir que as floretas sejam fragmentadas em diferentes partes.


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Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.