sábado, maio 11, 2024
Atitude

Indígena ganha prêmio por proteger mais de 200 mil hectares de floresta

A equatoriana e líder indígena, Nemonte Nenquimo, ganhou o ‘Prêmio Ambiental Goldman 2020’, a premiação mais importante do mundo para o ativismo ambiental. O reconhecimento veio de suas ações para salvar as florestas tropicais do Equador.

Nemonte Nenquimo prêmio ambiental
Nemonte Nenquimo

Nenquimo liderou uma campanha indígena e uma ação judicial contra a extração de petróleo em território Waroani. Por conta do seu trabalho, duzentos mil hectares de floresta amazônica foram protegidos.

A liderança de Nenquimo e o processo abriram um precedente legal para os direitos indígenas no Equador. Devido a isso, outras tribos estão seguindo seus passos para proteger áreas de floresta contra empresas petrolíferas.

Nemonte Nenquimo ganhou o prêmio ambiental goldman 2020 por  sua ação na defesa da floresta amazônica
Nemonte Nenquimo liderando campanha contra concessão de terras indígenas. Foto: R7 Virtz

“Juntos… fomos capazes de impedir a venda de centenas de milhares de hectares de nosso território para a indústria internacional de petróleo, estabelecendo um precedente para outras nacionalidades indígenas protegem milhões a mais “.

Povo Waorani e a luta pelas terras

Composto por 5 mil membros, os Waorani são um dos últimos povos nativos contatados por missionários norte-americanos na década de 1950. Eles vivem como caçadores e coletores naturais, mas suas terras ancestrais foram reduzidas a 10% do que era.

Seu território, que se sobrepõe ao Parque Nacional Yasuni, um dos ecossistemas com maior biodiversidade do mundo, vem sendo ameaçado pelo extrativismo petrolífero segundo organizações indígenas e ambientais.

Desde 1960, empresas de petróleo despejam resíduos nos rios e terras que contaminam o ambiente e causam doenças e aborto na população. Florestas do Equador e povos indígenas vem sendo seriamente impactados com essa poluição.

Em 2018, o governo equatoriano anunciou que colocaria 16 novas concessões de petróleo em terras pertencentes a nações indígenas. Esta violação direta aos diretos indígenas fez Nenquimo liderar a luta contra as concessões.

Nemonte Nenquimo e a tribo Waorani.
Nemonte Nenquimo e a tribo Waorani. Foto: R7 Virtz

Na época, Nequimo cofundou a Ceibo Alliance, uma organização sem fins lucrativos liderada por indígenas para defender os direitos e a cultura indígena. Também, lançou a campanha digital “Nossa floresta não está à venda” que coletou quase 400.000 assinaturas de todo o mundo se opondo ao leilão.

Além disso, ajuizou uma ação contra o governo equatoriano, argumentando que este não havia obtido consentimento prévio dos Waorani para colocar suas terra à venda. Grande parte das áreas anunciadas para leilão pertencia a este povo.

Em abril de 2019, os juízes do caso decidiram a favor dos Waorani. A decisão, que protegeu grandes áreas de floresta amazônica, obrigou o Governo do Equador a garantir o consentimento livre, prévio e informado antes de leiloar qualquer outra terra no futuro.


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O tribunal, que decidiu a favor dos Waorani, também ordenou que o corpo legislativo do Equador – a Assembleia Nacional – aprovasse um projeto de lei que consagraria o consentimento prévio em lei. Porém, Nequimo e outros líderes alegam que a legislação foi elaborada sem contribuição dos representantes indígenas.

Nequimo, hoje, continua a lutar pelos direitos das comunidades indígenas. De acordo com ela, os Waorani ainda enfrentam muitas ameaças. A líder equatoriana pretende usar o dinheiro do prêmio Goldman para fortalecer a autonomia do seu povo.

Prêmio Goldman

O Prêmio Ambiental Goldman foi fundado em 1989 e tem como objetivo reconhecer o trabalho de ativistas na defesa da natureza e do meio ambiente. Esta premiação é concedida anualmente a seis ambientalistas, sendo cada vencedor de uma região continental diferente.

Esse ano, além de Nemonte Nenquimo do Equador, Leydy Pech (México), Kristal Ambrose (Bahamas), Paul Sein Twa (Mianmar), Lucei Pinson (França) e Chibeze Ezekiel (Gana) também receberam o Prêmio Ambiental Goldman.

John Goldman, presidente da Goldman Environmental Foundation, elogiou os homenageados por “tomar uma posição, arriscar suas vidas e meios de subsistência e nos inspirar com um progresso ambiental real e duradouro”.

“Esses seis campeões ambientais refletem o poderoso impacto que uma pessoa pode ter sobre muitas”.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.