sábado, maio 18, 2024
Animais ameaçados

Duas novas espécies de sapo transparente são descobertas no Equador

Em uma das áreas mais biologicamente diversas e ameaçadas dos Trópicos, um grupo de cientistas descobriu duas novas espécies de sapo transparente. Apelidados de “sapos de vidro”, os anfíbios foram encontrados próximos ao Rio Guayllambamba que fica no sopé da Cordilheira dos Andes.

Uma das espécies achadas é a Hyalinobatrachium mashpi. Esta vive no lado sul do rio, nas Reservas Mashpi e Tayradois que são dois oásis de floresta tropical. A outra, a Hyalinobatrachium nouns, habita o flanco norte do vale na Cordilheira de Toisan, um complexo íngreme de montanhas isoladas do cinturão principal dos Andes.

Ambas vivem em áreas com, aproximadamente, a mesma altitude, e possuem o corpo transparente e um “focinho” que mede entre 1,9 e 2,1 centímetros. Seus corpos são quase idênticos a olho nu, com costas verdes salpicadas por pontos pretos e manchas amarelas.

Os "sapos de vidro" tem como características costas verdes salpicadas de pontos pretos.
Os “sapos de vidro” tem como características costas verdes salpicadas de pontos pretos. Foto: Jaime Culebras

Por baixo, os “sapos de vidro” possuem uma barriga completamente transparente que revela um coração vermelho, um fígado e um sistema digestivo branco e, nas fêmeas, uma bolsa de ovos esverdeados. Apesar de tantas semelhanças físicas, as duas espécies apresentam grandes diferenças genéticas.

O principal autor do estudo,  Juan Manuel Guayasamin, biólogo evolutivo da Universidad San Francisco de Quito, disse que, no início, achava que os dois “sapos de vidro” eram da mesma espécie. Porém, a analisar o DNA dos dois, percebeu que eram bem diferentes.

Os "sapos de Vidro" tem uma barriga transparente que mostra seus órgãos.
Os “sapos de Vidro” tem uma barriga transparente que mostra seus órgãos. Foto: Jaime Culebras

Os pesquisadores se perguntam o que levou a diferenciação das duas espécies já que estas foram encontradas vivendo a apenas 20 quilômetros uma da outro. Uma das explicações pode ser a existência de barreiras topográficas, as quais talvez propiciaram mutações genéticas.

A única certeza que os estudiosos têm é que a identificação dos novos “sapos de vidro” mostra que pode haver ainda muitas espécies animais não descobertas nos Andes tropicais. Novos estudo precisam ser feitos para catalogar melhor a biodiversidade dessa região.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.