sábado, maio 11, 2024
Ciência e TecnologiaNotícias

Cientistas baianos criam canudo biodegradável à base de babosa, milho e glicerol

O descarte inadequado de plástico é uma das principais causas da poluição dos mares. De acordo com o Plastic Waste Makers Index, o mundo gerou 139 milhões de toneladas de resíduos plásticos de uso único em 2021. Isso inclui os canudos, que são um dos grandes vilões dos mares e levam até mil anos para se decompor. Nos últimos anos, as empresas têm procurado substituir esse produto. Em busca de inovar e entrar nesse mercado, um grupo de pesquisadores, de Vitória da Conquista, coordenado pelo professor Wilson Rodrigues, desenvolveu biocanudos a partir de materiais encontrados no sudoeste baiano.  

O Biocanudo foi formulado a partir de milho, Mayzena Duryea, glicerol, Vetec, e gel da Aloe vera, conhecido como babosa, todos misturados à água destilada. “O protótipo produzido é consistente, maleável e íntegro até o tempo máximo de 15 minutos, estabelecido no ensaio quando inserido nos diferentes líquidos, nas temperaturas ambiente (25 ºC), refrigerado (7 ºC) e bucal (36 ºC). Estudos apontam que o tempo médio de vida útil do canudo plástico é de quatro  minutos, o que torna o nosso produto aplicável comercialmente”, explica.

Segundo Wilson, a escolha das matérias-primas para produção do Biocanudo teve relação com a composição química das substâncias. “A amilose presente no amido em solução é responsável pela capacidade de formação de biofilme. Quando adicionado ao gel Aloe vera, forma uma rede de fibras, o que propicia uma melhoria nas características mecânicas, como resistência e tração. Já o glicerol entra como agente plastificante à solução filmogênica, que reduz a fragilidade do filme e aumenta a flexibilidade e a extensibilidade do produto”, afirma.

O pesquisador destaca que o projeto pode contribuir positivamente para o desenvolvimento econômico regional e para o meio ambiente. “Na primeira etapa, foram utilizadas as folhas frescas de Aloe vera, obtidas de produtores rurais das cidades de Brumado e Rio do Antônio, o que poderá impactar em uma nova renda para região. Além disso, a idealização da proposta tem importância significativa para a sociedade, pois contribui para a preservação do meio ambiente, a conservação da vida marinha, a promoção da saúde humana, a mudança de comportamento e o avanço tecnológico”.

O grupo que criou o canudo biodegradável fundou a startup BiotechLife, a qual foi contemplada pelo Edital Centelha, um programa de incentivo ao empreendedorismo inovador. Hoje, essa startup conta com parceiros estratégicos como a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Os próximos passos do grupo é regulamentar a fabricação do Biocanudo dentro da incubadora de empresas da Ufba e análises físicas e químicas deste junto à equipe de Controle de Qualidade da BiotechLife”.

Com informações da Secti