sexta-feira, maio 17, 2024
Sustentabilidade

Agricultores usam corujas para proteger plantações de pragas

Quem planta vinhedos sabe o quanto é difícil proteger as lavouras dos ratos e de outros roedores. A grande maioria dos agricultores costuma usar venenos como raticidas para controlar a praga, o que não é nada sustentável, haja vista os danos que causam ao meio ambiente e à saúde humana.

Porém, em alguns lugares do mundo, como o Vale da Napa, Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, essa prática nefasta vem sendo repensada por produtores de vinho. Alguns deles buscaram alternativas ambientalmente corretas para resolver o problema e acharam uma solução muito interessante: o uso de predadores naturais.

É isso mesmo! Agricultores americanos estão usando predadores naturais para capturar roedores que atacam suas plantações. O principal predador usado por eles é a coruja-das-torres, mas falcões e outras aves de rapina também servem para esse fim.

As corujas protegem as plantação de pragas
A coruja-das-torres é o animal mais usado na Califórnia para combater roedores. Fonte: Stockfotos.

A coruja-das-torres é uma espécie de ave que habita praticamente todo o globo, estando presente em 6 dos 7 continentes. É um animal imponente que se alimenta principalmente de pequenos mamíferos como ratos, musaranhos, camundongos e coelhos jovens. Ela consegue comer, em média, 3.400 roedores por ano.

Considerada um dos controladores de pragas mais eficientes do mundo, a coruja-das-torres, está presente em muitas propriedades rurais da Califórnia. Segundo pesquisa de um estudante de graduação da Brooks Estes, quatro quinto dos produtores de uvas da região usam essa ave para controle da praga.

Os vinicultores conseguem trazer e manter as corujas nas suas propriedades através da construção e instalação de caixas-ninho. Estas caixas são colocadas a 2,5 metros da altura do solo, de costas para o sol. Elas ficam ao lado de campos gramados e distantes das florestas.

Vinicultores instalam caixas-ninho a 2,5 metros do solo para manter corujas nas videiras
Caixas-ninho são instaladas 2,5 metros do solo. Fonte: GNN.

As caixas-ninho são instaladas nos locais onde há mais ataques de roedores, mas a ação da coruja não fica restrita a apenas essas áreas. Segundo o professor de vida selvagem, Matt Johnson, existem atualmente mais de 300 caixas-ninho instaladas em Napa Valley.

Com a implantação das caixas-ninhos nas plantações, os vinicultores tiveram um resultado satisfatório não somente no combate da praga, mas também no bolso. Isto porque eles deixaram de usar produtos químicos (raticidas) que pesavam no orçamento.

Além da economia no bolso, o uso das corujas para eliminar roedores trouxe melhoria na qualidade da uva, pois essa não mais trazia mais traços de veneno de rato. Também, evitou um sério problema ambiental: a contaminação dos solos e de recursos hídricos por uso de raticidas.

O uso de aves de rapina em propriedades rurais, sem sombra de dúvidas, é uma excelente alternativa para controle de pragas. O caso Napa Valley é um exemplo vivo disso. Tendo em vista os benefícios ambientais e econômicos que traz, ela deveria ser incentivada em todo o mundo.


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Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.