terça-feira, setembro 17, 2024
Meio Ambiente

Recifes de coral mostram resiliência ao aquecimento das águas no Pacífico Oriental

O aumento da temperatura dos oceanos devastou os recifes de coral em todo o mundo, mas um estudo recente da Global Change Biology descobriu que os recifes na região do Pacífico Tropical Oriental (ETP) podem ser uma exceção. As descobertas, que sugerem resiliência dos recifes ao aumento da temperatura das águas nessa área, poderiam fornecer informações sobre o potencial de sobrevivência de recifes em outras partes do mundo. 

O estudo foi publicado em Julho e conduzido por uma equipe internacional de pesquisadores de toda a região do Pacífico Tropical Oriental. Foi liderado pelo Dr. Mauricio Romero-Torres, da Pontificia Universidad Javeriana e pela Unidad Nacional de la Gestion del Riesgo de Desastres (Unidade Nacional de Gerenciamento de Riscos de Desastres ou UNGRD) em Bogotá Colômbia. 

recifes de coral resiliência
Os recifes de coral do Pacífico Tropical Oriental – ETP são dominados por espécies de policiclopora que crescem rapidamente e são termicamente tolerantes.

Na pesquisa, os cientistas examinaram dados de cobertura de coral na área do ETP, que se estende da Baja California às Ilhas Galápagos, dos anos de 1970 a 2014. Durante esse período, houve vários eventos do El Niño – períodos em que o Oceano Pacífico equatorial atinge temperaturas extraordinariamente altas. O calor excessivo pode matar as algas simbióticas que habitam os corais, levando ao branqueamento e morte generalizada deles.

Os pesquisadores descobriram no estudo que, embora as perdas de cobertura de corais tenham continuado nos piores episódios de El Niño, em muitos casos, os recifes da região ETP se recuperaram dentro de 10 a 15 anos. Eles levantaram a hipótese de que três fatores-chave permitiram que os recifes do ETP se recuperassem.

O Primeiro fator seria o tipo de coral presente no ETP. Segundo o grupo de cientistas, nessa área, eles são principalmente pociloporídeos, ou seja, um tipo de coral que se reproduz em altas taxas. Eles também contêm espécies de algas simbióticas que são particularmente tolerantes a temperaturas extremas.

Os cientistas acreditam que os padrões climáticos e geográficos no ETP também podem desempenhar um papel na resiliência dos recifes de coral. As áreas com nebulosidade mais intensa ou com ressurgência de águas mais frias podem ter provocado a adaptação dos corais nesta área. Isso faz com que eles consigam ser mais resistentes a mudanças de temperatura dos oceanos que corais de outros lugares do mundo.

Outro fator importante para a resiliência dos corais seria a “memória ecológica”. Acredita-se que os corais da ETP podem ter sido condicionados a suportar o estresse pelo calor ao longo dos anos, por meio de mecanismos como adaptação genética e herança epigenética (quando os pais transmitem características de sobrevivência aos filhos).

Segundo James W. Poter, autor sênior do artigo, a quantidade de coral vivo não mudou na região da ETP. A cobertura de coral vivo subiu e diminuiu em resposta ao clareamento induzido pelo El Niño, mas, ao contrário dos recifes de outras partes do Caribe e do Pacífico Indo, os recifes do ETP quase sempre se recuperam.

Poter acredita que essa pesquisa de 44 anos dos corais ajudará a entender melhor como os recifes futuros irão sobreviver às mudanças de temperatura dos oceanos, assim como auxiliar a estimar os efeitos do próximo fenômeno de El Niño nos corais da ETP.

Fonte: Universidade da Georgia.