segunda-feira, maio 20, 2024
Sustentabilidade

Pesquisa revela redução do desperdício e aumento do consumo de alimentos saudáveis durante pandemia

Uma pesquisa realizada recententemente pela Universidade de Antuérpia, Bélgica, concluiu que a pandemia do Covid-19 trouxe mudanças positivas nos hábitos alimentares da população mundial. Segundo os resultados preliminares, a população mundial está comendo mais saudável e desperdiçando menos.

O estudo revelou que houve uma diminuição na compra de comida pronta durante os bloqueios, assim como um aumento no consumo de frutas e vegetais. Consumidores relataram estar gastando menos com alimentos preparados em microondas ou lanches e investindo em produtos saudáveis, sejam eles frescos, congelados ou enlatados.

Além disso, mostrou uma redução no desperdício de alimentos nas casas. As pessoas passaram a aproveitar as sobras alimentares e incluí-las nas sua alimentação bem como planejar as suas refeições com antecedência. Isso ajudou a minimizar o montante de comida que iria ser jogada fora.

Outro ponto interessante apresentado nessa pesquisa foi que, nesse período de pandemia, as pessoas passaram a preparar sua própria comida. As medidas restritivas, por manter a população mais tempo em suas casas, acabou por forçá-la a cozinhar e a fazer disso um hábito.

A pesquisa foi baseada em respostas on-line dadas por voluntários no período de 17 de abril a 7 de maio. Participaram da enquete 11 mil pessoas de 11 países – Austrália, Bélgica, Chile, Uganda, Holanda, França, Áustria, Grécia, Canadá, Brasil e Irlanda. Porém, os pesquisadores pretendem estender esse estudo a consumidores de 25 países e divulgar os resultados finais até o final de junho.

Explicação para a mudança de hábito

A coordenadora do estudo, Charlotte De Backer, acredita que o alinhamento dos consumidores a hábitos alimentares mais saudáveis pode ser explicada por preocupações com a saúde e pelo fechamento de muitos restaurantes. De acordo com ela, as pessoas foram forçadas a comprar em um mercado com menos opções disponíveis de comida pronta e, dessa maneira, tiveram menos oportunidades de comprar por impulso ou comer alimentos ruins para a saúde.

Em relação à diminuição do desperdício de alimentos nas casas, acredita-se que isso é consequência do medo de uma possível escassez de alimentos. Consumidores de todo o mundo viram nessa pandemia supermercados com prateleiras vazias devido ao desabastecimento. Então, muitos passaram a aproveitar as sobras, incluindo-as nas suas refeições. O planejamento das refeições com antecedência também colaborou nessa questão.

Tendências reveladas pela pesquisa

As descobertas preliminares da pesquisa mostraram que algumas das mudanças alimentares, adquiridas durante a pandemia, provavelmente sobreviverão a esse período porque, em alguns países, os bloqueios duraram mais do que seis semanas, tempo necessário para se formar um novo hábito. Além disso, demonstrou que as paralisações, por conta do Covid-19, reforçaram a atenção das pessoas em relação a alimentos e opções mais saudáveis.

O estudo também revelou que as pessoas ficaram mais confiantes na cozinha durante a pandemia. Elas perceberam, durante o isolamento, que cozinhar não exigia tanto esforço e tempo delas quanto imaginavam. Relataram que conseguiram reduzir o estresse e a frustração em relação à culinária. Além disso, disseram sentir-se mais ousadas e criativas para continuar experimentando novas receitas após o Covid-19.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.