segunda-feira, maio 20, 2024
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Europa remove barragens para restaurar rotas de migração de peixes

Barragens, açudes e outros obstáculos fluviais são construídos há séculos para o abastecimento de água e a produção de energia elétrica. Embora tragam benefícios para a humanidade, eles provocam problemas ambientais porque interferem nas rotas de migração de peixes.

As barreiras nos rios impedem que os peixes completem seu percurso migratório, levando, muitas vezes, a perda de áreas de reprodução e a redução do número de espécies. Essa perda de biodiversidade afeta outros ecossistemas, trazendo desequilíbrio ecológico.

Para deter a perda de espécies por conta dessas estruturas, países europeus começaram a derrubar um número significativo de barreiras fluviais. Pelo menos, 239 barreiras foram removidas em 17 países da Europa em 2021. A Espanha, que liderou o movimento, já retirou 108 estruturas dos seus rios.

O movimento vem ganhando espaço no continente europeu, principalmente na Espanha, França, Dinamarca, Finlândia e Reino Unido. Segundo Fernández Garrido, gerente de projetos da World Fish Migration Foundation, os “esforços para expandir as remoções de barragens em toda a Europa estão ganhando velocidade”.

Europa remove barragens para restaurar rotas de migração de peixes
Remoção da barragem de Matabosch, na Espanha, em 2021. Fonte: Dam Removal Europe

“Um número crescente de governos, ONGs, empresas e comunidades estão entendendo a importância de deter e reverter a perda da natureza e acreditando que a remoção de barragens é uma ferramenta de restauração de rios que aumenta a biodiversidade e aumenta a resiliência climática“, diz Garrido.

Estima-se que, hoje, existam mais de um milhão de barreiras nos rios da Europa, sendo um número significativo delas construída há mais de um século. Pelo menos 150.000 são barreiras antigas e obsoletas que não servem para nenhum propósito econômico.

“Temos centenas de milhares de barreiras abandonadas, o que é um problema de segurança. As barragens afetam a qualidade da água e os níveis das águas subterrâneas, causam erosão de canais… e levam a declínios e até extinções de populações de peixes migratórios”, disse o gerente de projetos .

Nos últimos 50 anos, a Europa teve um declínio de 93% dos peixes migratórios, causado, principalmente, por barreiras fragmentando os rios. Como estratégia para recuperar a biodiversidade, a União Europeia pretende restaurar 25.000 km de rios para um estado de fluxo. Uma das estratégias para a restauração é a remoção de barragens e açudes.

De acordo com Herman Wanningen, diretor da World Fish Migration Foundation, “a remoção de barragens… deve ser implementada em toda a Europa, começando com as barreiras antigas e obsoletas que estão fora de uso ou não têm mais função econômica”.

Atualmente, estão sendo criados fundos para ajudar a cobrir os custos de remoção das barreiras, como o novo Open Rivers Program que investirá € 42,5 milhões nos próximos seis anos para ajudar a remover barreiras fluviais na Europa. Com essa ajuda financeira, acredita-se que, em 2022, o número de barragens retiradas superará o de 2021.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.