Engenheiro transforma área degrada em floresta no semiárido
O desmatamento que ocorreu no semiárido durante séculos tornou boa parte dos solos dessa região improdutivos, o que levou agricultores a migrarem para grandes cidades atrás de emprego. Entretanto, algumas inciativas vem sendo implantadas para recuperação dessas áreas.
Uma delas é a do engenheiro aposentado Nelson Araújo Filho. Este vem reflorestando um terreno de seu pai que estava completamente degrado. A propriedade, que fica em Poções, no interior da Bahia, estava com a terra compactada e infértil devido ao uso seu intensivo para pasto e para cultivo de milho e mandioca .
Nelson disse que as atividades agropecuárias esgotaram o solo da propriedade e o deixaram em vias de virar um deserto. Segundo dados do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas, esse fenômeno atinge 13% das terras no semiárido.
Felizmente, Nelson começou a reverter o processo de desertificação nas terras de seu pai com a implantação de um sistema agroflorestal, ou seja, um modelo de produção que associa espécies florestais com cultura agrícolas. Esse método busca restabelecer o ecossistema original da região.
Araújo iniciou o sistema agroflorestal há três anos em 1,8 hectares de terra. Ele abriu valetas em curvas de nível para permitir a infiltração da água e a eliminação do escoamento superficial desta. Depois, plantou, em espaçamentos de um metro e meio, espécies da Caatinga resistentes à estiagem.
Algumas das espécies plantadas foram a palma forrageira, o sisal, o avelós, a apitera, a umburana, o destaca e o mandacaru. Após o plantio, Nelson passou a podar a vegetação e usar o material cortado para cobrir o solo e como adubo. Dessa maneira, ele protegia e levava nutrientes para o solo.
Com o passar dos anos, as condições ambientais melhoraram e isso permitiu o crescimento de árvores frutíferas e de grande porte. Estas árvores floresceram e atraíram aves, abelhas e animais silvestres que não eram vistos na região há muito tempo como o veado catingueiro.
O sistema adotado por Nelson recuperou a fertilidade do solo, trouxe a fauna para a região e manteve a vegetação firme mesmo em períodos de seca. Em imagens de satélite, é possível ver o verde da agrofloresta contrastando com áreas completamente degradadas do entorno.
De acordo com Nelson, a agrofloresta implantada por ele não precisa de uma única gota d’água com irrigação. Esta consegue se manter independe da chegada das chuvas, pois existe o orvalho que banha a vegetação todas as noite, e não necessita do uso de adubos químicos ou agrotóxicos.
Araújo espera que, futuramente, sua agrofloresta torne-se uma área de caatinga intocada com plantas de todas as alturas e com grande variedade de espécies. Seu desejo é que, com ela, possa tirar mel, frutas e outros alimentos para manter o rebanho o ano inteiro.