Cientistas descobrem novos recifes de coral na Bahia
O mar é um ambiente ainda pouco conhecido pela ciência, pois existem dificuldades de acessar as áreas mais profundas e alto custo na realização de pesquisas. Boa parte do conhecimento que se tem a seu respeito, hoje, vem de expedições científicas à plataforma submarina.
Algumas dessas expedições servem apenas para monitoramento da vida marinha. Já outras, para trazer informações valiosas sobre esse meio. Uma destas incursões relevantes foi realizada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), a qual descobriu novos recifes de coral.
Os recifes de coral foram encontrados no fundo do Banco Royal Charlotte, uma plataforma submarina situada do sul da Bahia. Esta plataforma fica em frente à Porto Seguro e ao lado do Banco de Abrolhos que é o maior hotspot de biodiversidade marinha do Atlântico Sul.
No Banco Royal Charlotte, os cientistas acharam grandes extensões de ecossistemas recifais e um grande canal submerso que possivelmente foi um leito de rio pré-histórico. Os recifes descobertos estão situados a mais de 40 metros de profundidade e encontram-se em bom estado de conservação.
“Acho que é um dos recifes mais saudáveis, profundos, que eu já vi no Brasil”, diz o pesquisador Ronaldo Francini Filho, do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da USP, em São Sebastião, que mergulhou no local. “Não esperava encontrar um recife tão complexo e tão saudável como esse, especialmente nessa profundidade.”
A expedição foi organizada pelo Projeto Coral Vivo e contou com participação de 12 pesquisadores de seis instituições de pesquisa, sendo cinco deles da USP. Ela foi realizada entre o fim de abril e o início de maio deste ano e percorreu cerca de mil quilômetros ao longo de 16 dias navegando sobre as águas do Royal Charlotte.
Durante a expedição, os estudiosos gravavam imagens e coletaram amostras da geologia e da biodiversidade do banco. Estas amostras foram levadas ao laboratório para serem analisadas mais detalhadamente – por exemplo, para estudo da composição química e identificação de espécies.
Os cientistas esperam que o conhecimento científico gerado por essa pesquisa possa subsidiar a proposição de medidas de conservação para o Banco Royal Charlotte capazes de assegurar a proteção dos ecossistemas marinhos presentes nele.