sábado, setembro 14, 2024
Ciência e Tecnologia

Cientistas descobrem como remover arsênio do arroz sem perdas de nutrientes minerais

O arroz é um dos alimentos mais consumidos no mundo. Entretanto, é um dos mais nocivos à saúde porque tem alta concentração de arsênio inorgânico, uma toxina cancerígena.

Seus grãos tem cerca de dez vezes mais arsênio inorgânico que os demais cereais. Isso ocorre porque ele é cultivado em campos inundados, ambientes que facilitam a absorção dos contaminantes presentes no solo.

O elevado nível de arsênio no arroz vem preocupando entidades sanitárias em todo o mundo há anos. Em alguns países como Estados Unidos, China e Austrália, os governos estabeleceram limites máximos dessa substância no arroz comercializado.

No Brasil, existe uma regulamentação que restringe a concentração dessa toxina no arroz, mas ela nem sempre é cumprida. Isso expõe consumidores a doenças pulmonares, câncer e diabetes.

O arroz tem dez vezes mais arsênio inorgânico que os demais cereais.

Já se sabe que os níveis de arsênio no arroz podem, em parte, ser reduzidos através da lavagem, enxágue e cozimento dos grãos. No entanto, alguns desses métodos diminuem os nutrientes desse cereal, o que não é desejável.

Para melhorar a remoção do arsênio e manter os nutrientes do arroz, uma equipe de cientistas testou vários métodos de cozimento em estudo recente. No experimento, eles cozinharam arroz branco e integral.

O resultado dos testes mostrou que o método de parboilização com absorção (PBA) foi capaz de retirar grandes quantidades de arsênio do arroz sem remover os nutrientes minerais do alimento.

O método PBA envolve a fervura do arroz em água pré-fervida por cinco minutos antes de drenar e refrescar a água, seguida do cozimento do arroz em fogo baixo para absorver toda a água.

Segundo os pesquisadores, cozinhar arroz com esse método remove 54% do arsênio no arroz integral e 74% no arroz branco. Também, mantém boa parte dos minerais como fósforo, potássio, magnésio, zinco e manganês.

Os autores do estudo disseram que o método PBA usa menos água, energia e tempo de cozimento do que outros métodos de cozimento. De acordo com eles, esse método é fácil e adequado para se fazer em casa.

Os estudiosos reconhecem que seu experimento deve ser repetido em “diferentes ambientes”. Eles pretendem futuramente testar o método PBA com outros tipos de arroz, usando águas de qualidade diferenciada.

Como remover o arsênio do arroz pelo método PBA

Primeiramente, leve água para ferver no fogão (quatro xícaras de água doce para cada xícara de arroz cru). Em seguida, adicione o arroz e ferva por mais 5 minutos. Depois, descarte a água (que já removeu grande parte do arsênico do arroz) e adicione mais água fresca (duas xícaras para cada xícara de arroz). Por fim, cubra o arroz com uma tampa e cozinhe em fogo baixo ou médio até que a água seja absorvida. Após esse processo, o arsênio será removido do arroz.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.