domingo, setembro 15, 2024
Ciência e Tecnologia

Pesquisadores criam “plástico” filme biodegradável à base de gelatina

Pesquisadores brasileiros e franceses desenvolveram uma película biodegradável à base de gelatina que pretende substituir o plástico filme na embalagem de alimentos. O material, que é comestível e antimicrobiano, tem em sua estrutura nanocristais de celulose modificados.

Criada por cientistas da Embrapa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade de Grenoble Alpes (UGA), na França, a película tem propriedades antioxidantes. Em teses de laboratório, a invenção demonstrou tanto garantir a qualidade da comida quanto aumentar a vida útil dela.

Apresentando formato de filme, o item é transparente e incolor, características importantes para permitirem ao consumidor visualizar o conteúdo e a qualidade do produto. Além disso, tem propriedades ópticas e mecânicas similares aos plásticos convencionais.

O "plástico" filme à base de gelatina é transparente, resistente e antimicrobiano.
O filme à base de gelatina é transparente, resistente e antimicrobiano. Fonte: Embrapa

O material tem, em sua composição, gelatina de origem bovina por se tratar de uma das fontes de maior produção e de abundância no Brasil. Também, nanocristais de celulose, extraídos de eucalipto, modificados com resina de pinus (uma espécie de pinheiro).

Apesar de ter matérias-primas de fontes naturais e biodegradáveis, o produto é resistente e protege os alimentos. Ele apresenta alta barreira contra a radiação ultravioleta (UV) e sua ação antimicrobiana inibe o crescimento de bactérias como Staphylococcus aureus Escherichia coli.

É fabricado por meio de uma técnica chamada “casting contínuo”, a qual transforma soluções aquosas em “lâminas”. Este método tem grande potencial de aplicação na indústria, além de baixo custo e alta produtividade. Com ele, é possível fabricar doze metros de filme por hora em laboratório.

O “plástico” filme à base de gelatina, é fruto da pesquisa de doutorado da química Samara Ferreira Leite, sob orientação de Luiz Henrique Capparelli Mattoso, da Embrapa, e de outros pesquisadores. Esse estudo foi publicado em artigo científico na revista Science Direct.

Desde que o estudo foi divulgado, vem chamando atenção de empresas interessadas no produto já que este demonstrou ser promissor como embalagens. Isto porque consegue manter a qualidade e segurança dos produtos alimentícios durante o armazenamento e o transporte.

O próximo desafio dos cientistas é criar um protótipo de filme à base de gelatina termo-seláveis, ou seja, aquele que podem ser fechado sem uso de cola, mas apenas com aplicação de calor. Estes serão destinados ao armazenamento de diferentes produtos alimentícios em escala industrial. 

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.