quarta-feira, setembro 18, 2024
Ciência e Tecnologia

EPIs descartados podem ser convertidos em biocombustível diz pesquisa

O acúmulo e o descarte dos equipamentos de proteção individual (EPI) são um problema ambiental já conhecido pelas autoridades públicas. Entretanto, ele se agravou durante a pandemia do Covid-19, pois esta exponenciou o consumo e o lançamento desse utensílio na natureza e nos aterros.

Os EPIs incluem luvas, máscaras faciais, óculos de proteção, aventais e outros itens de procedimentos específicos. Eles normalmente são feitos de polipropileno não tecido, um tipo de plástico. Por não ser reciclável ou biodegradável, ele permanece no ambiente por séculos, provocando poluição e mortandade de animais.

EPIs descartados na natureza provocam poluição e mortandade de animais, biocombustível.
EPIs descartados na natureza provocam poluição e mortandade de animais,

Devido os impactos negativos do descarte de EPIs no meio ambiente, cientistas indianos pesquisaram maneiras dar uma destinação adequada a esse resíduo. Após revisar diversos artigos, concluíram que era possível converter esses equipamentos em biocrude: um combustível líquido renovável que tem propriedades semelhantes a de combustíveis fósseis.

Esse estudo, realizado por especialistas da Universidade de Estudos de Petróleo e Energia, foi publicado na revista científica Taylor & Francis Biofuel no início desse mês. Nele, os pesquisadores mostram que os EPIs descartáveis podem ser transformados de seu estado de polipropileno (plástico) em biocombustível através do método chamado pirólise.

A pirólise é um processo químico que quebra o plástico em alta temperatura (entre 300 e 400 graus centígrados por uma hora) sem a presença de oxigênio. De acordo com o coautor, Dr. Bhawna Yadav Lamba, esse “é o método químico mais comumente usado, cujos benefícios incluem a capacidade de produzir grandes quantidades de bio-óleo facilmente biodegradável”.

Esse processo “está entre os métodos mais promissores e sustentáveis ​​de reciclagem em comparação com a incineração e aterro”, diz Bhawna Yadav Lamba. Além de retirar da natureza ou dos aterros um material de difícil degradação, gera combustível limpo que auxiliará a mitigar o problema da crise energética.

A autora principal do estudo, Sapna Jain, afirma que a transformação dos plásticos em biocombustível “não apenas evitará os graves efeitos colaterais para a humanidade e o meio ambiente”, mas também produzirá uma fonte energia”. Segundo ela, os desafios da gestão de resíduos de EPI e do aumento da demanda de energia poderiam ser enfrentados simultaneamente pela produção de combustível líquido a partir de kits de EPIs.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.