domingo, setembro 15, 2024
Sustentabilidade

Empresa de energia recicla painéis solares antigos e os transforma em novos

O uso de painéis solares vem crescendo significativamente em todo o mundo e isso tem ajudado a reduzir a pegada de carbono do setor energético. Entretanto, o aumento da utilização desses equipamentos está gerando uma pilha de lixo eletrônico que será difícil de tratar após o fim da vida útil.

A maioria dos fabricantes de energia solar afirma que seus painéis têm uma durabilidade de 25 anos a 30 anos. Se pensarmos que estes começaram a ser adotados em maior escala no início dos anos 2000, infere-se que 2030 será a década em que haverá o seu descarte em massa.

Atualmente, já existem mais de 250 mil toneladas de lixo eletrônico proveniente de painéis solares no mundo. Porém, a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) estima, que no início da década de 2030, esse volume chegará a oito milhões de toneladas. Em 2050, esse número deve saltar para 78 milhões.

A maior parte dos painéis solares ainda é destinada a aterros após a sua inutilização. Isso gera sérios problemas ambientais como a contaminação do solo e das águas por chumbo, cádmio e outras substâncias tóxicas presentes na composição dos painéis. Além disso, traz desperdício de materiais valiosos que poderiam ser aproveitados como o silício.

First Solar

Para reduzir o acúmulo vertiginoso de painéis solares descartados e evitar os problemas ambientais causados por este, algumas empresas passaram a reciclar esse tipo de resíduo. Uma destas companhias é a First Solar, uma fabricante americana de placas fotovoltaicas.

Essa empresa implantou um sistema que recupera 90% dos materiais internos de painéis antigos e os utiliza na produção de novos. Este sistema permite a manutenção da matéria-prima original dentro do processo produtivo após seu descarte pelo consumidor final.

Andreas Wade, Líder de Sustentabildiade Global da First Solar disse: “se 95% do material semicondutor puder ser recuperado e colocado de volta em um novo painel, e o ciclo continuar a se repetir, o material original poderá permanecer em uso por até 1.200 anos”.

O modelo de reciclagem adotado pela First Solar é semelhante ao empregado em países como Alemanha e Malásia. Este tem foco na economia circular e reduz substancialmente o impacto sobre o meio ambiente, pois evita a poluição e a extração de mais matéria-prima para novos painéis solares.

Wade fala que a reciclagem de painéis solares, apesar de importante, ainda é pouco comum entre os produtores de energia solar. Isto porque inexiste, na maioria dos países, leis que obriguem fabricantes a reciclar estes equipamentos. Além disso, a atividade tem um alto custo com o transporte, o que torna economicamente desvantajoso mantê-la.

Andreas Wade acredita que, a medida que o setor de energia avança, as opções de reciclagem de painéis solares devem também aumentar. Ele prevê que unidades móveis de reciclagem começarão a ser usadas num futuro próximo a fim de diminuir os custos e os problemas relacionados ao transporte de painéis.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.