domingo, setembro 15, 2024
Sustentabilidade

Compostagem humana: a nova modalidade de enterro sustentável

Durante séculos, os restos mortais tinham dois destinos no planeta: o enterro em cemitérios ou a cremação. Esses modelos de sepultamento sempre trouxeram problemas à natureza porque contaminavam os lençóis freáticos com necrochorume e poluíam o ar com a emissão de dióxido de carbono.

Pensando em uma alternativa ecológica para a disposição final dos mortos, a empresa americana Recompose está construindo um local que permitirá a compostagem humana dentro de condições ambientais controladas: a chamada redução orgânica natural.

Projeto da Unidade Recompose
Projeto da Unidade Recompose

Trata-se de um método de decomposição de corpos em estruturas monitoradas. Nelas, os fatores externos, ou seja, os índices de carbono, nitrogênio, oxigênio e umidade do ar, são regulados de modo a criar um ambiente perfeito à ação de fungos e bactérias termofílicas.

Leia também: O que é compostagem e como fazer em casa

Essa condição ideal acelera a atividade de microrganismos que deterioram completamente os restos mortais, inclusive ossos e dentes. A redução orgânica natural leva em torno de trinta dias para finalizar e não gera mau cheiro durante o processo.

Ela traz benefícios ao meio ambiente, pois consume apenas 1/8 da energia utilizada na cremação, economiza mais de uma tonelada de dióxido de carbono por pessoa e evita a poluição das águas subterrâneas com fluido de embalsamento.

Além disso, diminui a utilização de terras urbanas para sepultamento, o que evita o desmatamento de áreas verdes para construção de novos cemitérios e dispensa a utilização de lápides e túmulos que levariam a extração de mais matéria-prima na natureza.

A unidade da Recompose

A unidade da Recompose que fará enterro sustentável utilizando a compostagem humana ficará situada em Seattle numa área de 1719 m². O empreendimento conta com 75 câmaras mortuárias para realização da redução orgânica natural. Também, com muitas árvores, jardins verticais, recintos para velórios e espaços para cerimônias.

Câmara mortuária para compostagem humana e recinto para velório.
Câmara mortuária e recinto para velório

As câmaras mortuárias serão reutilizáveis e os corpos serão inseridos nelas cobertos com cascas e lascas de madeira. O adubo gerado no final do processo de compostagem será retirado e entregue aos familiares dos falecidos que poderão levá-lo para casa e usar em seus jardins.

A atividade de redução orgânica natural foi legalizada pelo Estado americano de Washington desde Maio de 2019. A Recompose será a primeira empresa do mundo a oferecer esse serviço ao público em larga escala. A previsão de início das atividades está para 2021.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.