Compostagem humana: a nova modalidade de enterro sustentável
Durante séculos, os restos mortais tinham dois destinos no planeta: o enterro em cemitérios ou a cremação. Esses modelos de sepultamento sempre trouxeram problemas à natureza porque contaminavam os lençóis freáticos com necrochorume e poluíam o ar com a emissão de dióxido de carbono.
Pensando em uma alternativa ecológica para a disposição final dos mortos, a empresa americana Recompose está construindo um local que permitirá a compostagem humana dentro de condições ambientais controladas: a chamada redução orgânica natural.
Trata-se de um método de decomposição de corpos em estruturas monitoradas. Nelas, os fatores externos, ou seja, os índices de carbono, nitrogênio, oxigênio e umidade do ar, são regulados de modo a criar um ambiente perfeito à ação de fungos e bactérias termofílicas.
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Essa condição ideal acelera a atividade de microrganismos que deterioram completamente os restos mortais, inclusive ossos e dentes. A redução orgânica natural leva em torno de trinta dias para finalizar e não gera mau cheiro durante o processo.
Ela traz benefícios ao meio ambiente, pois consume apenas 1/8 da energia utilizada na cremação, economiza mais de uma tonelada de dióxido de carbono por pessoa e evita a poluição das águas subterrâneas com fluido de embalsamento.
Além disso, diminui a utilização de terras urbanas para sepultamento, o que evita o desmatamento de áreas verdes para construção de novos cemitérios e dispensa a utilização de lápides e túmulos que levariam a extração de mais matéria-prima na natureza.
A unidade da Recompose
A unidade da Recompose que fará enterro sustentável utilizando a compostagem humana ficará situada em Seattle numa área de 1719 m². O empreendimento conta com 75 câmaras mortuárias para realização da redução orgânica natural. Também, com muitas árvores, jardins verticais, recintos para velórios e espaços para cerimônias.
As câmaras mortuárias serão reutilizáveis e os corpos serão inseridos nelas cobertos com cascas e lascas de madeira. O adubo gerado no final do processo de compostagem será retirado e entregue aos familiares dos falecidos que poderão levá-lo para casa e usar em seus jardins.
A atividade de redução orgânica natural foi legalizada pelo Estado americano de Washington desde Maio de 2019. A Recompose será a primeira empresa do mundo a oferecer esse serviço ao público em larga escala. A previsão de início das atividades está para 2021.