quarta-feira, setembro 18, 2024
Ciência e Tecnologia

Baiana cria embalagens plásticas comestíveis

As embalagens fazem parte do nosso dia a dia e estão em todos os cantos: nos supermercados, lanchonetes, lojas de construção, casas, empresas, dentre outros. Embora sejam necessárias à circulação de mercadorias, elas são, na sua grande maioria, descartadas, o que gera acúmulo de lixo e outros problemas ambientais.

Para se ter uma ideia da quantidade de embalagens jogadas fora, um terço do lixo doméstico é composto por elas. De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), cerca de 80% das embalagens são descartadas após usadas uma única vez.

Boa parte delas é produzida com plástico, um material de difícil degradação (mais de 400 anos para se decompor). Os resíduos plásticos, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), provoca a morte de mais de um milhão de aves e de cem mil mamíferos marinhos anualmente.

O descarte de embalagens contribui para o esgotamento de aterros e lixões, dificulta a degradação de outros resíduos, polui a paisagem e causa problemas na rede elétrica. Sendo assim, é fundamental criar substitutos para esse produto tão amplamente utilizado.

Com o objetivo de substitui-lo foi que a baiana e Técnica em Meio Ambiente, Kat Nogueira, desenvolveu embalagens plásticas comestíveis. Estudiosa e autodidata, criou, de forma caseira, dois tipos de embalagens: uma mais resistente para substituir o isopor e uma mais fina para embalar grãos e outros produtos.

embalagens plásticas comestíveis
À esquerda, a embalagem comestível mais resistente (cor laranja) e à direita a embalagem mais fina (transparente)

Ambas se degradam em pouco tempo e levam pouca água no processo de produção. Elas são fabricadas com “pancs” (plantas não convencionais), usadas geralmente para fazer embalagens plásticas descartáveis e plásticos filmes. Kat não revelou quais plantas utilizou no produto, pois este ainda não foi patenteado.

Com as invenções, Kat venceu um prêmio e dois editais ligados às áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação, mas ela não parou por aí. Criou mais um produto: um plástico filme feito a base de produtos industrializados vencidos. Ela também continua aperfeiçoando suas embalagens para baratear o custo de produção.

Plástico filme produzido com produtos vencidos
Plástico filme produzido com produtos vencidos

Kat quer avançar na sua pesquisa com o apoio de empresas. Ela quer fazer parceria com instituições que “tenham o interesse em diminuir a produção e consumo de embalagens plásticas, substituindo-as pelas ecológicas e realmente orgânicas sem danos ao meio ambiente”.

A inventora informou que já recebeu diversos telefonemas de pessoas interessadas em seu projeto inovador. Porém, até o momento, não fechou qualquer parceira empresarial.


Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.