Compostagem: o que é, como fazer em casa e qual a sua importância

A compostagem é um processo natural de transformação da matéria orgânica em adubo. Ela ocorre devido a ação de microrganismos presentes no solo (bactérias e fungos) que, em presença do oxigênio, convertem restos de vegetais e animais em um material escuro, rico em nutrientes, chamado húmus.

Ela é considerada um tipo de “reciclagem dos resíduos orgânicos”, pois recupera os nutrientes do lixo orgânico e o leva de volta ao ciclo natural, enriquecendo o solo para agricultura ou jardinagem. Vem sendo utilizada pelo homem há milênios para gerar compostos que ajudam no crescimento de vegetais.

É uma técnica de fácil de aplicação e baixo custo que pode ser reproduzida em diversos lugares: indústrias, campos agrícolas e residências. Os materiais mais utilizados para fazê-la são sobras de frutas e legumes, alimentos em geral, podas de jardim, trapos de tecido e serragem.

A compostagem é uma aliada do meio ambiente já que reduz o volume de matéria orgânica a ser descartada e acumulada em lixões ou aterros, mas também é um negócio promissor. Seu produto final é comercializável e tem crescente demanda no mercado. Muitas indústrias estão surgindo para explorar esse ramo.

História da compostagem

O processo de compostagem foi muito usado na antiguidade, sobretudo pelos orientais que faziam uso intensivo dos compostos orgânicos na produção de cereais. As técnicas empregadas eram artesanais e fundamentavam-se na formação de leiras ou monte de resíduos que ocasionalmente eram revolvidos. Após cessar o processo de fermentação, o composto resultante era incorporado ao solo, o que favorecia o crescimento dos vegetais

As primeiras tentativas de sistematizar o processo de compostagem foram iniciadas em 1920, na Índia, por Albert Howard. Ele criou o sistema Indore, o qual foi aperfeiçoado por Giovanni Beccari para reduzir o período de fermentação de 180 para 40 dias. Desde então, surgiram inúmeros processos que vêm sendo aprimorados com o avanço da tecnologia. Hoje, já se encontra alguns sistemas de compostagem totalmente operados e controlados por computadores.

Importância da compostagem

A compostagem do lixo elimina detritos orgânicos inaproveitáveis e de cheiro desagradável sem comprometer o meio ambiente e reduz o volume de lixo descartado pela sociedade, destinando corretamente um resíduo que se acumularia em lixões e aterros sanitários. Além disso, aumenta a vida útil de aterros sanitários, ajuda no combate ao aquecimento global, pois impede a liberação de metano (gás de efeito estufa 23 vezes mais destrutivo que o dióxido de carbono) e evita a produção de chorume, um líquido que contamina o solo e as águas.

Fases da compostagem

A compostagem possui quatro fases que se diferenciam pela temperatura e pelo estado de decomposição dos resíduos:

Fase 1 – Período de elevação de temperatura até o nível preconizado como ótimo.

Pode durar horas (entre 12 e 24 horas) ou dias e a temperatura chega entre 55°c e 60°C. Nessa fase, é introduzido um fator externo de controle como revolvimento do material ou aeração mecânica que leva a bioestabilização.

Fase 2 – Ocorre a degradação ativa do material orgânico.

Pelo método convencional, dura entre 60 a 90 dias. Quando as leiras são operadas na forma estáticas aeradas, o processo leva 30 dias.

Fase 3 – Período de resfriamento.

Essa fase, em condições normais, leva de 3 a 5 dias.

Fase 4 – Ocorre a maturação ou cura do material compostado.

Dura entre 30 e 60 dias e há com a formação de ácidos húmicos.

Tipos de compostagem

Existem basicamente dois tipos de compostagem: a convencional e a vermecompostagem. Na primeira, o material orgânico é exclusivamente decomposto por microrganismos presentes no solo como bactérias e fungos. Na segunda, são adicionados minhocas, principalmente a Eisenia Foetida, para ajudar na formação do húmus.

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Existem três processos muito utilizados para fazer a compostagem convencional: a Dano, a Windrows e as Leiras Estáticas Areadas. O Dano, geralmente usado em usinas de reciclagem, utiliza um cilindro rotativo para acelerar a taxa inicial de compostagem. Os processos Windrows e Leiras Estáticas Areadas utilizam pilhas de resíduos e se diferenciam pela maneira como o ar é introduzido no lixo. Na primeira, o ar entra por revolvimento manual ou mecânico dos resíduos orgânicos e no segundo o ar é introduzido por tubos, o que acelera a decomposição.

Como fazer a compostagem

Compostar resíduos domésticos é um trabalho simples, mas exige alguns cuidados para se obter um bom resultado na formação do adubo natural. Abaixo, está o passo a passo de como compostar os resíduos orgânicos.

1° passo

A primeira coisa a fazer na compostagem é escolher o local para sua execução. Nas residências, pode ser feita no chão do quintal ou em uma composteira, porém estes lugares devem estar abrigados da luz solar e vento, pois estes interferem no processo de decomposição. O outro ponto a ser decidido, é se usará ou não minhocas na compostagem. A presença desses vermes no processo de compostagem não é indispensável, pois são as bactérias e fungos presentes nos restos de alimentos e no solo que fazem a deterioração do material orgânico. As minhocas apenas aceleram o processo, o que é bastante útil.

2° passo

O segundo passo, é escolher o material adequado a compostagem. Só será usado lixo de origem orgânica como folhas, galhos, aparas de grama, talos, sementes e cascas de frutas e legumes, dentre outros. Resíduos de origem animal como carnes, leite e derivados, ossos e comida cozida devem ser evitados, pois podem gerar mal cheiro e atrair insetos e roedores. Todo o lixo inorgânico (vidro, metal, plástico, couro e tinta), assim papéis com tinta e óleo devem ser descartados.

3° passo

O terceiro passo é armazenar os materiais orgânicos em recipientes fechados para se evitar sua contaminação por ovos de insetos, assim como reservar palhas, folhas secas e serragem para cobrir o lixo orgânico no processo de compostagem.

4° passo

O quarto passo é a montagem dos materiais em pilhas, seja no chão ou na composteira. No chão, deve-se abrir um pequeno buraco e cobri-lo com palhas, folhas secas e serragem, depois adicionar os resíduos orgânicos bem espalhados e, em seguida, cobri-lo completamente com palhas, folhas secas e serragem. Em todas essas etapas, é preciso regar para deixar o ambiente úmido. Na composteira, deve-se adicionar húmus ou um pouco de terra no fundo da primeira caixa e depois colocar os resíduos orgânicos e cobri-los completamente. Caso utilize minhocas na compostagem, essas devem ser misturadas aos resíduos orgânicos. O tempo de compostagem sem minhoca é de 3 a 5 meses. Já o processo com minhoca dura 2 meses.

Benefícios da compostagem

Aumenta a saúde do solo – a matéria orgânica compostada se liga às partículas do solo (areia, limo e argila). Isso ajuda na retenção da água e na drenagem do solo, ou seja, melhora a sua aeração;

Reduz a erosão do solo – a matéria orgânica compostada aumenta a capacidade de infiltração de água, reduzindo assim a erosão;

Reduzas doenças das plantas – o composto aumenta a população de minhocas, insetos e microrganismos desejáveis, estabelecendo um equilíbrio entre as populações e a planta hospedeira;

Mantém a temperatura e estabiliza o pH do solo – o composto favorece a atividade biológica no solo”;

Ativação a vida do solo – o composto favorece a reprodução de microrganismos benéficos às culturas agrícolas;

Aproveita a matéria orgânica agrícola – a compostagem diminui a perda econômica ou aumenta o lucro na propriedade rural;

É um processo ambientalmente seguro – a compostagem dos resíduos orgânicos reduz o impacto e a poluição no ambiente;

Degradação substâncias inibidoras do crescimento vegetal – na palha in natura, existem substâncias responsáveis pela inibição do crescimento vegetal que são degradadas durante a compostagem;

Economiza o tratamento de efluentes – o composto se solubiliza lentamente e é absorvido pelas plantas. Dessa maneira, não é carregado para o lençol freático;

Redução o odor – depois de compostados, os dejetos animais não geram mais odor.

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