Empresa transforma CO2 em alimento para consumo humano
Em Viena, na Áustria, a empresa Arkeon Biotechnologies desenvolveu uma tecnologia que transforma gases inorgânicos em alimentos para o consumo humano. A técnica, chamada de Arkeon, utiliza um micróbio que captura o CO2 de indústrias e o converte em blocos de proteína.
O micróbio utilizado nesse sistema é o Archaea, que é conhecido por sua capacidade de sobreviver a ambientes extremos. Esse microrganismo é cultivado em laboratório por meio da fermentação. Ao ser fermentado, produz diversos aminoácidos, inclusive os presentes na proteína animal.
A capacidade do micróbio produzir alimentos foi descoberta por Simon Rittman, um dos CEOS da empresa. Ele estudou dez anos a Archaea e encontrou uma cepa dela que produz os 20 aminoácidos essenciais que compõem a proteína necessária para a sobrevivência dos humanos.
Simon Rittman e os seus outros sócios, Gregor Tegl e Guenther Bochmann já patentearam o processo de produção de alimentos com o uso micróbio. Com a patente, eles conseguiram levantar 7 milhões de dólares de investidores para Arkeon Biotechnologies.
Os empresários afirmam que os alimentos resultantes do processo de fermentação podem ser usados em produtos proteicos alternativos como leite ou carne à base de plantas. Também, podem ser combinados para criar ingredientes personalizados que imitam o sabor da carne ou usados em bebidas proteicas e fórmulas infantis.
Segundo os donos da Arkeon Biotechnologies, uma das vantagens da técnica desenvolvida por eles é que funciona sem insumos como o açúcar, o que evita os impactos ambientais do cultivo e da colheita. Em outras palavras, esse método possibilita produzir proteína consumindo-se 99% menos terra que a agricultura tradicional.
Além disso, usa apenas 0,01% da água em comparação a agricultura tradicional e oportuniza que terras agrícolas se transformem em florestas para ajudar no combate as mudanças climáticas. Como utiliza no processo CO2 capturado e poucos outros recursos, o produto resultante é negativo em carbono.
Outro ponto positivo da técnologia é que, por ter custos bem menores que o de produção da proteína animal ou vegetal comum, ela tornará os aminoácidos mais baratos que os que estão no mercado agora. Assim, sai ganhando o consumidor que compra um produto rico em proteínas com menor preço.
Os fundadores da Arkeon Biotechnologies disseram que a empresa se expandirá, em breve, para uma instalação piloto que permite a produção dos aminoácidos em maior escala. Para ampliar a produção, fizeram uma parceria com cervejarias para usar o CO2 capturado na fabricação de cerveja.
Atualmente, Tegl, Rittman e Bochmann estão trabalhando para obter a aprovação regulatória de sua tecnologia. Segundo eles, será mais fácil consegui-la na Europa, pois seus micróbios não são geneticamente modificados. A produção em larga escala em tanques maiores deve começar em breve.