Cientistas desenvolvem colorante a partir de resíduos de laranja
Durante a produção do suco de laranja, uma significativa porção da fruta, de 45% a 55%, normalmente, é jogada no lixo. Devido a isso, cerca 10 milhões de toneladas métricas de resíduos são descartadas pela indústria do suco por ano.
Esse descarte, que normalmente é feito sem cuidados sanitários, prejudica o meio ambiente, pois os resíduos dispostos tornam-se poluentes capazes de contaminar os solos e corpos hídricos.
Além disso, desperdiça matéria-prima, pois nessas sobras são encontradas diversas substâncias que podem ser aproveitadas com fins industriais e comerciais. Algumas delas são os açúcares fermentáveis, os polissacarídeos, os polifenóis e os óleos essenciais.
Pensando em aproveitar esses resíduos, cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em colaboração com pesquisadores de outras instituições, desenvolveram um sistema capaz de produzir colorantes e enzimas a partir de resíduos de laranja.
O sistema foi descrito em artigo científico na revista Sustainable Chemistry and Pharmacy. Ele é sustentável e econômico e tem grande potencial para ser utilizado em indústrias.
A pesquisa
Os cientistas desenvolveram o colorante com o uso de microrganismos. Eles extraíram a celulose e a hemicelulose, presentes nos resíduos de laranja e, depois, hidrolisaram-nas para remover a glicose e a xilose, dois tipos de açucares fermentáveis.
Removidos os açucares fermentáveis, na forma líquida, cultivaram dentre deles microrganismos que se multiplicam, crescem e fazem a biossíntese das biomoléculas desejadas.
Quando os microrganismos atingem o ponto de crescimento e produção desejada, o cultivo é interrompido. Então, as biomoléculas são recuperadas por meio de um processo de purificação e transformadas em colorantes.
Segundo a pesquisadora Valéria de Carvalho Santos Ebinuma, o sistema de cultivo de microrganismos submersos já é amplamente utilizado na indústria biotecnológica para produzir uma variedade de produtos.
Aplicação na indústria
Os colorantes feitos a partir de resíduos de laranja já estão sendo produzidos e, no futuro, poderão ser aplicados em diversas indústrias como a de alimentos, a têxtil e a farmacêutica.
Contudo, ainda são necessários mais estudos para tornar esse processo competitivo com o usado na produção de outros colorantes disponíveis no mercado, principalmente os sintéticos.
O produto também precisa passar por testes de toxicidade para que possa ser utilizado. Os testes estão sendo feitos por equipes parceiras.
Com informações da Fapesp