terça-feira, setembro 17, 2024
Ciência e Tecnologia

Embrapa cria fossa séptica biodigestora que transforma esgoto em adubo

Pesquisadores da Embrapa Instrumentação de São Carlos desenvolveram uma fossa séptica biodigestora capaz de transformar o esgoto sanitário em adubo orgânico isento de germes patógenos. O sistema é de baixo custo, fácil instalação e dimensionado para famílias de até 7 pessoas.

Fossa séptica biodigestora
Fossa séptica biodigestora. Fonte: EMBRAPA.

Essa solução tecnológica tem como base a biodigestão, um processo de decomposição de matéria orgânica que ocorre na ausência de oxigênio, gerando biogás e um resíduo líquido rico em minerais que pode ser utilizado como biofertilizante.

A fossa séptica biodigestora foi criada para resolver a falta de saneamento básico na zona rural, um problema que afeta 90% da população do campo e traz ricos a saúde. Ela substitui as fossas negras que contaminam os lençóis freáticos e poços caseiros com coliformes fecais.

O sistema desenvolvido pela Embrapa é composto por três caixas de fibrocimento ou fibra de vidro enterradas e ligadas entre si, sendo apenas a primeira caixa conectada à tubulação do vaso sanitário. Para funcionar, é preciso adicionar, à primeira caixa, uma mistura de esterco fresco bovino com água.

A biodigestão dos excrementos humanos ocorre nas duas primeiras caixas da fossa séptica. Esse processo reduz a carga de agentes biológicos perigosos a saúde humana. Na terceira caixa, há apenas o acúmulo de um líquido que é um biofertilizante eficaz e isento de germes patogênicos.

Esse biofertilizante é rico em nitrogênio, fósforo e potássio, nutrientes essenciais ao bom crescimento das plantas. Ele pode ser usado como adubo orgânico nas plantações, ajudando na produtividade das propriedades rurais.

Sistema de fossas sépticas biodigestoras
Sistema de fossas sépticas biodigestoras. Fonte: EMBRAPA.

A fossa séptica biodigestora tem a vantagem de não gerar odores desagradáveis, não procriar ratos, moscas e baratas, evitar contaminação do meio ambiente, gerar produtividade saudável e economia em insumos na agricultura familiar.

A manutenção é simples, necessitando apenas adicionar, mensalmente, uma mistura de água e esterco bovino fresco (10 litros de cada) na primeira caixa da fossa. O tempo de biodigestão varia conforme a temperatura e a quantidade de pessoas que estão utilizando.

Temos, hoje, 11.601 unidades da fossa instaladas nas cinco regiões do país e, aproximadamente, 57.500 pessoas beneficiadas. Devido ao seu baixo custo e eficiência como sistema sanitário, essa tecnologia é recomendada pelo Ministério das Cidades, fazendo parte de sua política pública.

Os criadores da fossa séptica biodigestora esperam que essa invenção reduza a poluição do solo, dos córregos e dos rios a medida em que forem implantadas por moradores do campo. Para ajudar trabalhadores rurais a instalar as fossas, a Embrapa criou uma cartilha ensinando como montar e usar. Para acessá-la, basta clicar aqui.

Lucila Freire

Geógrafa e Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental. Atua como Consultora Ambiental. Fundou o Sustentabilidade No Ar, pois acredita na forte influência que os meios de comunicação têm sobre a sociedade e quer utilizá-lo para inspirar pessoas e promover conscientização ambiental.