Embrapa cria fossa séptica biodigestora que transforma esgoto em adubo
Pesquisadores da Embrapa Instrumentação de São Carlos desenvolveram uma fossa séptica biodigestora capaz de transformar o esgoto sanitário em adubo orgânico isento de germes patógenos. O sistema é de baixo custo, fácil instalação e dimensionado para famílias de até 7 pessoas.
Essa solução tecnológica tem como base a biodigestão, um processo de decomposição de matéria orgânica que ocorre na ausência de oxigênio, gerando biogás e um resíduo líquido rico em minerais que pode ser utilizado como biofertilizante.
A fossa séptica biodigestora foi criada para resolver a falta de saneamento básico na zona rural, um problema que afeta 90% da população do campo e traz ricos a saúde. Ela substitui as fossas negras que contaminam os lençóis freáticos e poços caseiros com coliformes fecais.
O sistema desenvolvido pela Embrapa é composto por três caixas de fibrocimento ou fibra de vidro enterradas e ligadas entre si, sendo apenas a primeira caixa conectada à tubulação do vaso sanitário. Para funcionar, é preciso adicionar, à primeira caixa, uma mistura de esterco fresco bovino com água.
A biodigestão dos excrementos humanos ocorre nas duas primeiras caixas da fossa séptica. Esse processo reduz a carga de agentes biológicos perigosos a saúde humana. Na terceira caixa, há apenas o acúmulo de um líquido que é um biofertilizante eficaz e isento de germes patogênicos.
Esse biofertilizante é rico em nitrogênio, fósforo e potássio, nutrientes essenciais ao bom crescimento das plantas. Ele pode ser usado como adubo orgânico nas plantações, ajudando na produtividade das propriedades rurais.
A fossa séptica biodigestora tem a vantagem de não gerar odores desagradáveis, não procriar ratos, moscas e baratas, evitar contaminação do meio ambiente, gerar produtividade saudável e economia em insumos na agricultura familiar.
A manutenção é simples, necessitando apenas adicionar, mensalmente, uma mistura de água e esterco bovino fresco (10 litros de cada) na primeira caixa da fossa. O tempo de biodigestão varia conforme a temperatura e a quantidade de pessoas que estão utilizando.
Temos, hoje, 11.601 unidades da fossa instaladas nas cinco regiões do país e, aproximadamente, 57.500 pessoas beneficiadas. Devido ao seu baixo custo e eficiência como sistema sanitário, essa tecnologia é recomendada pelo Ministério das Cidades, fazendo parte de sua política pública.
Os criadores da fossa séptica biodigestora esperam que essa invenção reduza a poluição do solo, dos córregos e dos rios a medida em que forem implantadas por moradores do campo. Para ajudar trabalhadores rurais a instalar as fossas, a Embrapa criou uma cartilha ensinando como montar e usar. Para acessá-la, basta clicar aqui.